domingo, 23 de fevereiro de 2014

Óscares 2014 – O Grande Gatsby e Um Quente Agosto

Porquê juntar estes dois filmes? Qual a relação? Nenhuma, à primeira vista. São bastante diferentes um do outro mas tanto um como o outro são adaptações de textos reconhecidos e premiados. O primeiro mais cénico e envolvente, o segundo mais teatral e emocional. Ambos excelentes.

O Grande Gatsby

F. Scott Fitzgerald, Baz Luhrmann, Leonardo DiCaprio e as duas nomeações para os Óscares de Direção Artística e Guarda-Roupa são os pontos fortes deste filme. E são suficientes.
Começando pelo início, F. Scott Fitzgerald escreveu este romance como crítica à sociedade materialista americana do período de grande fulgor económico. O livro tornou-se um clássico, faz parte do currículo escolar americano e é por muitos considerado o romance americano por excelência do século XX. Foi inúmeras vezes adaptado para teatro, televisão, ópera, ballet e, claro, cinema, tendo a versão de Coppola de 1974 ganho dois Óscares.
Agora Baz Luhrmann. O argumentista, realizador e produtor de Romeu e Julieta, Moulin Rouge! e Austrália reaparece com mais um filme à sua imagem. O Grande Gatsby, filme, capta o materialismo, o romance e a superficialidade de relações características do livro e acrescenta-lhe emoção, vivacidade, dinâmica e aquela musicalidade tão própria de Luhrmann. Há ainda a cor. Os filmes de Luhrmann têm cores vivas, berrantes até, e às vezes fortes mas escuras, tudo quando tem que ser e por incrível que parece as cores também falam, tanto ou mais do que as bandas sonoras. Este filme não é exceção no que respeita à imagem e no que respeita à banda sonora, mais um vez Luhrmann está presente. Era bom que este que é um dos grandes artistas cinematográficos da atualidade fosse reconhecido ao invés da injustiça que lhe foi feita com Moulin Rouge!, pelo menos pela Academia de Hollywood.
Por fim, Leonardo DiCaprio. Não há muito mais a acrescentar ao que já foi dito aquando de O Lobo de Wall Street. É um dos melhores da atualidade e tem aqui mais uma fantástica representação. Porque foi nomeado pelo outro filme e não por este? Não sei nem percebo o critério!
Talvez O Grande Gatsby não seja um dos filmes do ano mas é mais uma excelente obra a juntar ao espólio de qualidade de Baz Luhrmann.

The Great Gatsby – Trailer

RECOMENDO ESTE E TODA A FILMOGRAFIA DO AUTOR

Um Quente Agosto

O que dá juntar um texto premiado com um Pullitzer, escrito para uma peça de teatro que ganhou um Tony, adaptado para cinema com as interpretações de consagrados como Meryl Streep, Julia Roberts, Chris Cooper, Sam Shepard, Ewan McGregor, Benedict Cumberbacht, Juliette Lewis, Dermot Mulroney e Julliane Nicholson? Dá muito, muito mesmo!
A habitual junção familiar que se segue ao falecimento dum parente serve, nesta história, para evidenciar todos as dificuldades que decorrem duma família disfuncional, com problemas afetivos, de expressão de sentimentos e até de adição de medicamentos e álcool. Ora, representar isto com este elenco é garantia de qualidade e a prová-lo estão as nomeações de Streep (tem que ganhar!) e Roberts para os galardões de representação. O argumento é bom, o filme torna-se pesado porque vemos nele situações reais com as quais nos conseguimos relacionar. A solidão e o desespero são dois sentimentos que estão latentes. Isto é Hollywood mas nem sempre há um Happy Ending!
Um das críticas feitas a este filme é de que não se consegue distanciar da peça de teatro que lhe deu fama. Não vi a peça e não conhecia o texto por isso tenho dificuldade em interiorizar a crítica, ainda assim, posso admitir que o cenário do filme me pareceu ideal para uma peça de teatro.
Já agora, sou só eu que acho o Sam Shepard e o Chris Cooper iguais? Parecem-me gémeos e não os consigo distinguir!
Um Quente Agosto é, para mim que não vi a peça de teatro, um dos filmes do ano.

August: Osage County – Trailer

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